A febre do Marley & Eu está passando. Não sei se isso é bom ou ruim, pois, apesar de ter comprado, ainda não li o livro e nem vi o filme. Já sei, por amigos, que a historia é de fazer chorar qualquer ser que conheça bem a relação de amor entre dono e cão. Acho que eu não li ainda por isso. Estou com medo de perder a minha fama de "o cara que nunca chorou com livros ou filmes". Será?
Enfim, antes que o gancho suma de vez, vim contar sobre a minha relação com os pequenos quadrúpedes caninos. E ela é longa e estreita.
Há sete anos eu sou um dos donos do Pastel. Um cocker spaniel em cuja certidão de nascimento tem especificada a cor dourado. Ele é o máximo. Um companheiro gente (bicho) fina. Quando ele se juntou à família Assanti cabia na palma da minha mão e desde então ele anima os nosso dias fugindo quando pode, sujando nossas roupas com as patas sujas e tentando roubar a comida do meu pai que demonstra seu carinho pelo cachorro diariamente com gritos de "some daqui seu corno, filho da puta". É lindo!
Porque Pastel? Acho que não preciso explicar. Vejam! Cara de Pastel!
Mas essa breve introdução foi puro desencargo de consciência, o Pastel poderia se ofender. O tema desse tópico é a Pipoca! Não, eu não tenho nenhuma mania com nomes de comida começando por "P". O que eu posso fazer se a pipoca tinha cara de pipoca?
A Pipoca era um vira-lata de quinta categoria. Dela, eu era único dono. Era a minha cadela.
Tão minha que me acompanhava todos os dias de manhã até a porta da sala de aula e só ia embora depois que eu fugia dela.
Ela tinha a mesma cor do dourada, mas como nunca teve certidão, era marrom mesmo.
Com ela o tratamento era diferente. A pipoca nunca apresentou a carência do Pastel. Ela sempre foi forte, sabe? Tinha cara de quem domina a situação. Por isso, eu conseguia conversar com ela. Não aquele "coisa mais linda" que a gente fala normalmente. Conversa mesmo. A pipoca foi a minha cachorra com papo mais cabeça.
Ela era descolada. Do tipo que pulava os muros mais altos para se encontrar com aquele cachorro gato do vizinho e voltava com o ar de dever cumprido. Eu digo que ela era meio galinha, mas vou deixar esse defeito de fora, senão é muito bicho junto.
A relação do resto da minha família com a Pipoca era meio estranha. Eu tinha impressão de que só eu gostava realmente dela. E essa impressão foi confirmada quando, um belo dia, meus pais sumiram com ela.
Meu mundo caiu. Fiquei triste mesmo, mas não ninha nada mais a ser feito. A pipoca tinha sido tirada da minha vida e eu nem sabia pra onde ela tinha ido. Me esconderam até o novo destino da minha cadela.
Os dias foram passando tristes depois que a pipoca foi embora. Passou-se um mês, dois, três...quando, no dia do meu aniversário, em meio aos amigos reunidos, com uma entrada triunfante completando um salto por cima do muro mais alto da casa, surge a Pipoca, solene e fedorenta, como era de costume. Presente de aniversário!
Além de restaurar a minha alegria, a Pipoca comprou, com esse ato, o carinho do restante da família. Apartir daí, ficou-se instituído que ela só iria embora de novo, quando ela quisesse.
Dito e feito. Pipoca só deixou a nossa casa quando morreu, por complicações no parto da sua segunda ninhada de filhos do cachorro gato do vizinho.
Pipoca voltou ao pó e deixou um dono cheio de saudade que agora destina seu carinho ao Pastel, que por ser menos galinha, deve morrer de velho daqui a muitos anos.....aí será que vou ter o Pepino? ou o Pão? ou o Peru? Ops...aí já é outro bicho...