terça-feira, 8 de julho de 2008

Lei seca

Vamos ao papo sério.

Ontem eu discuti com a minha mãe sobre a tal lei seca que está pautando grande parte do país nos últimos dias. Arrisco dizer até, que essa é uma ótima discussão prum boteco, mas vamos aos fatos.

Durante a discussão, eu convenci a minha mãe de que lei é lei e que deve ser cumprida. Disse pra ela que um assopro no bafômetro só parece constrangedor porque não é costume nosso. Daqui a pouco será corriqueiro e não parecerá mais um abuso de poder policial. Afinal, nos EUA, as pessoas não podem nem mostrar as embalagens de bebidas alcóolicas nas ruas para não influenciarem o uso de álcool, e ninguém morre por ter que tampar a latinha. Disse também, que do mesmo modo que a polícia exige a documentação do carro em dia, tem que exigir que a lei seca seja cumprida, e que a única forma de controle é o tal bafômetro. Contei pra ela que grande parte dos meus amigos (não me incluí para não mudar o rumo da discussão) costumava dirigir depois de ter bebido bastante e que essa lei já estava sendo válida só por mudar esse tipo de atitude.

Ok, ela encerrou o caso me dando vitória e eu saí satisfeito. Cheio de razão.

Hoje, logo que cheguei do trabalho, fui recebido pela dona Haydée, minha mãe, com um tratado sobre a inconstitucionalidade da lei seca. Tive que colocar o rabo entre as pernas e concordar com ela. O troço é abusivo mesmo.

Segundo a mamãe, se eu estiver dirindo meu veículo certinho, sem causar nenhum dano a ninguém, por que cargas d'água um policial pode exigir que eu faça um teste de bafômetro? Ele prevê que eu posso cometer um crime? Ele vai me prender por alguma coisa que eu poderia ter feito? Isso não existe.

Eu ainda argumentei. Disse que se eu assoprar o bafômetro e o resutado for acima do índice determinado eu já estou comentendo um crime. Uma vez que, agora, há a tal lei seca.
Mas aí tive que ler isso:

"Pergunto agora: Pode a polícia parar o veículo e submeter toda e qualquer pessoa ao exame do bafômetro? A resposta é não e por vários motivos. Primeiro, porque para abordar qualquer cidadão é preciso lei que autorize ou dado objetivo que permita. O direito de locomover-se livremente é assegurado constitucionalmente (Art. 5º, XV, CF).
Segundo, porque ainda que o motorista tenha ingerido álcool, isso não basta, pois deve se poder constatar um fato objetivo que gere perigo concreto, real decorrente de sua influência.
Terceiro, porque ninguém está obrigado a produzir provas contra si mesmo. Se em algum caso, puder se constatar a influência do álcool por elementos exteriorizados objetivamente, então, nesse caso, a prisão há de ser feita com base em testemunhas e não mera suspeita infundada do policial ou por ordem direta de seus superiores que criaram uma suspeita em abstrato e geral."

Quem fala isso é o Rizzatto Nunes. O cara é mestre e doutor em Filosofia do Direito e livre-docente em Direito do Consumidor pela PUC/SP. É desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo. Autor de diversos livros, lançou recentemente o "Bê-a-bá do Consumidor" (Editora Método). E é colega de blog. Aliás, você encontra o texto usado na argumentação da minha mãe aqui: http://rizzattonunes.blogspot.com/.

Pois bem, o tal Rizzatto me quebrou as pernas. Ele explica, se você não tiver saco pra ler o textão, que para se caracterizar crime, segundo o Código de Trânsito Brasileiro, é preciso estar sob influência do álcool, e que para haver essa influência é preciso exteriorização de um fato. Algo que vá além de ter álcool no sangue.

Além disso, há uma pergunta importante pra ser feita:

Por que nós - honestos, trabalhadores - temos que ser punidos desse jeito, enquanto vivemos num país em que há um governo paralelo comandado por uma bandidagem que mata mais que guerra?

Isso sem falar na porta aberta pros policiais corruptos aplicarem o bafômetro a torto e a direito para tirar uma proprinazinha aqui, outra ali.

E viva a minha mãe!

12 comentários:

Maria Olandina (Mary) disse...

eu gosto de beber, apesar de não me exceder (na maioria das vezes..rs). Não entendo nada de leis, portanto não saberia discutir a constitucionalidade ou não. Mas o que seria a "exteriorização de um fato"? o cara trançar as pernas? ou o cara atropelar uma meia dúzia e só aí poder fazer o teste de bafômetro?
Creio no bom senso. Não há necessidade de que todos os motoristas façam o teste, mas quando o policial suspeitar, tem mais é que fazer.
É isso :P

Fernando disse...

Pois é Maria, mas será que o teste só será feito se o policial suspeitar?
E se você tomar uma taça de vinho e vier bela e formoza dirigindo tranquila, for parada e o guarda te pedir um bafômetro?
Ele vai ter suspeitado do que?
E você será multada em quase mil reais e terá a carteisa suspensa por 1 ano. Será que não é muito utópico acreditar no bom senso?
Eu acho a lei muito interessante. Vi mesmo a modificação no comportamento de algumas pessoas próximas e acho isso válido. Mas que tem um lado arbitrário, tem!

Maria Olandina (Mary) disse...

até pode ter, concordo... porém prefiro não beber e dirigir. É difícil esperar bom senso das pessoas, principalmente daquelas que bebem :P

Unknown disse...

bom...

ateh eu ler o texto do Fe eu acreditava que a lei era bastante rigida, porem um mal necessario. Ainda nao penso diferente, mas acho q vou pensar minha posicao e opiniao sobre o assunto!!
como alguem que gosta de beber uma cerveja, acho que é complicado tirar esse direito de um cidadao apenas supondo o que ele pode fazer.
O problema é que existem pessoas que nao tem bom senso, nao respeitam limites e dirigem mesmo se arrastando de bebadas...por isso tantas mortes no transito por causa de embriaguez!!

enfim... o assunto é polemico e ainda nao tenho uma opiniao assim tao formada!! acho a discussao otima e consigo ver razoes nos dois lados... dificil é se chegar a um meio termo!!! principalmente pq estamos no Brasil...e aqui as coisas, e as leis, funcionam de uma forma bem diferente...

:D

Anônimo disse...

Olha, amore, teu texto (apesar de muito bom) tá muito longo pra essa hora da noite. Parei onde tua mãe fala que "o policial não pode prever que eu vou cometer um crime" - no caso de vc ter que fazer o teste, mesmo estando dirigindo perfeitamente.
Mas se vc tiver bebido uma dose a mais (de acordo com a determinação prevista na Lei) vc pode perder o reflexo e causar um sério acidente.
Quanto à previsão do policial, dirigir com uma dose a mais, é como andar com uma arma sem a autorização legal. É crime.
Mas mesmo sem ler o texto todo, passei os olhos no último parágrafo (coisa de jornalista, né?) e li quando vc colocou - mais ou menos - assim: pq nós trabalhadores temos que ser castigados assim, num país de incorretos? - diria que é mais ou menos como o exemplo que vc está dando, se formando tão bem preparado, num país onde o presidente é analfabeto funcional e quase alcólatra.
aushushaushauhsuahsuahsuhas

Anônimo disse...

garçom, desce mais uma rodada de chopp por favor.

huahuahua

=o***

Anônimo disse...

Esclarecendo...
Não sou contra a Lei Seca! Acho muito válida, principalmente por causa dos jovens, sempre acostumados a sairem por aí, tomarem umas e dirigir depois, arriscando a vida e tal.
Acho arbitrária a forma de fiscalização que estão fazendo. Parando todos e impondo o tal bafômetro. Se eu fizer uma bobagem no trânsito, avançar um sinal...sei lá...podem me peagr e me forçar a assoprar o talzinho, mas..assim, sem motivo, acho o fim da picada. É isso!
Mas...é uma questão muito complexa pra ser discutida assim, a seco.
Estou com a Lisie: Vamos armar o boteco?!

Anônimo disse...

Esse anômino aí sou eu!

Anônimo disse...

redondamente doa haydée...vamos armar um boteco.

essa semana tava discutindo...mto bem o cara não pode dirigir bêbado...

drogado tbm não pode mas não tem teste de bafômetro pra descobrir...daqui uns dias vai ter nego trocando a cana por outros tipos de ervas pra fica doidão...acho q não pensaram nisso tbm...

Fernando disse...

UuUUuMmmM....
é verdade, ainda não tinha pensado no cigarrinho do capeta!
Será que vão inventar o maconhômetro?
HUSAUiAHSUhasuihAISUhAUIS

Sílvia Mendes disse...

São as férias ^^

Sílvia Mendes disse...

Você tem que me fazer um juramento
De só ter um pensamento, ser só minha até morrer
E também de não perder esse jeitinho de falar
devagarinho
Essas histórias de você
E de repente me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho sem ninguém saber porquê



Eu tambéeeeeeem! hahaha
Atualiza essa bagassa.